As Redes de Talitha Kum na América Latina e Caribe, junto à Comissão contra o Tráfico de Pessoas da CLAR, divulgaram o Manifesto Latino-Americano pelo Dia dos Direitos Humanos 2025. O documento denuncia o tráfico de pessoas como uma das mais graves violações da dignidade humana e alerta para o crescimento do crime diante da migração forçada, da violência e da expansão digital da exploração.
O texto destaca ainda que a crise climática intensifica vulnerabilidades e favorece o trabalho forçado, a exploração sexual e o tráfico de migrantes. As redes afirmam que toda vítima tem direitos e que cabe aos Estados garantir proteção, reparação e enfrentar a impunidade.
O manifesto convoca Governos e Organismos Internacionais a adotarem políticas preventivas, regularem o ambiente digital, combaterem redes criminosas e fortalecerem comunidades vulneráveis. As organizações reiteram seu compromisso de transformar “cadeias de exploração em cadeias de esperança”, defendendo a vida e a dignidade de todas as pessoas na região.
Leia a íntegra:
MANIFESTO LATINO-AMERICANO PELO DIA DOS DIREITOS HUMANOS
Comissão contra o Tráfico de Pessoas – CLAR 2025
No Dia dos Direitos Humanos, reafirmamos que o tráfico de pessoas é uma das mais brutais negações da dignidade humana em nossa região. Onde existe tráfico, todos os direitos são violados: o direito à liberdade, à integridade física e emocional, à migração segura, ao trabalho digno, à infância protegida e à vida plena. Defender os direitos humanos hoje implica enfrentar esse crime que transforma vidas em mercadoria e lucra com a vulnerabilidade de milhões de pessoas.
Em 2025, a América Latina vive o aumento da migração forçada, da violência criminal, da desigualdade e da ausência do Estado em múltiplos territórios, especialmente zonas fronteiriças, comunidades indígenas, regiões amazônicas e áreas urbanas empobrecidas. Nesse cenário, o tráfico de pessoas se fortalece.
O crime também se expande no mundo digital por meio do recrutamento em redes sociais, da exploração sexual online, da venda de imagens de meninas e meninos, das falsas ofertas de emprego, da manipulação algorítmica e do controle das vítimas através de plataformas cifradas. Exigimos que os Estados e as empresas tecnológicas assumam sua responsabilidade diante dessa nova fronteira da violência.
Os impactos da crise climática — secas extremas, inundações, perda de territórios e deslocamentos — aprofundam a vulnerabilidade das comunidades e favorecem o trabalho forçado, o tráfico de migrantes e a exploração sexual. Populações inteiras são empurradas para rotas onde a vida vale menos do que o lucro.
Como redes de enfrentamento ao tráfico de pessoas, Talitha Kum da América Latina e do Caribe, e como Comissão contra o Tráfico de Pessoas da CLAR, afirmamos que toda vítima tem direitos e que cabe aos Estados protegê-las, garantir reparação e combater a impunidade. A indiferença, a corrupção e as políticas migratórias punitivas alimentam o tráfico e negam a vida.
Denunciamos a mercantilização de corpos e territórios, bem como a normalização da violência contra mulheres, meninas, meninos, pessoas migrantes e povos originários.
Anunciamos a esperança sustentada por comunidades, congregações e sobreviventes que continuam criando caminhos de cuidado e libertação.
Profetizamos uma sociedade onde nenhuma pessoa seja descartada, explorada ou silenciada.
Conclamamos os Governos e Organismos Internacionais a:
- Priorizar políticas preventivas e centradas nas vítimas;
- Garantir proteção, saúde integral e reparação para as pessoas sobreviventes;
- Enfrentar as redes criminosas e a corrupção que sustentam o tráfico de pessoas;
- Regular e monitorar o ambiente digital, protegendo especialmente meninas, meninos e jovens;
- Adotar políticas migratórias humanas e fortalecer as comunidades vulneráveis.
Seguimos com os olhos abertos, o coração sensível e os pés em movimento para defender a vida ferida. Que nossas redes transformem cadeias de exploração em cadeias de esperança, até que cada pessoa seja livre e sua dignidade plenamente reconhecida.




