Tráfico de pessoas e crise climática: o que os conecta? Foi a partir dessa inquietação que a Rede Um Grito Pela Vida promoveu, na quarta-feira, 18 de junho, a formação “Rede Um Grito Pela Vida rumo à COP 30”. O evento online reuniu mais de 80 participantes de diversos núcleos da rede e contou com a assessoria de Rocheli Koralewski e Jaqueline Bertoldo, da Articulação Igreja Rumo à COP 30, e da Irmã Rose Bertoldo, do Núcleo de Manaus.
Professora mestra, cientista social e ativista socioambiental, Rocheli Koralewski, e a advogada e doutora em Direitos Humanos e Cidadania, Jaqueline Bertoldo, conduziram a reflexão a partir da provocação: “O futuro que sonhamos precisa ser amadurecido.” Relembraram a história das conferências climáticas e a importância de espaços de diálogo e negociação como a COP 30. Citaram Maurice Strong, que já alertava: “O mesmo sucesso que nos trouxe até aqui está nos levando a um futuro perigoso.” Perigoso, sobretudo, para os mais pobres.
As assessoras destacaram que a COP 30, que será realizada no Brasil em novembro, é um grande mutirão global em defesa do clima e que, nesse cenário, a Igreja no Brasil tem atuado por meio da Articulação por Ecologia Integral e Justiça Climática. Essa ação nasce da Campanha Laudato Si’, lançada em março de 2023 pela CNBB, com o apoio do Movimento Laudato Si’ e da REPAM-Brasil. Como resultado, a CNBB criou um grupo de articulação nacional para mobilizar organismos da Igreja e promover processos de convergência, com destaque para a realização de Pré-COPs regionais.
Irmã Rose Bertoldo trouxe ao centro do debate a relação direta entre crise climática e tráfico de pessoas. “As mudanças climáticas estão entre as principais causas de migração forçada. Os desastres ambientais já provocam deslocamentos populacionais três vezes maiores do que os conflitos armados”, alertou. Segundo ela, a degradação ambiental destrói o bem-viver e alimenta a cadeia do tráfico humano, especialmente entre mulheres, adolescentes e crianças.
A religiosa também chamou a atenção dos núcleos da Rede Um Grito Pela Vida para sua missão: aprofundar esse tema em rodas de conversa e formações, compreendendo que os crimes ambientais, a lavagem de dinheiro e os grandes projetos estão interligados e ameaçam a dignidade e a vida de milhares de pessoas, especialmente de crianças, adolescentes e mulheres.
A formação representou um importante passo na preparação dos núcleos para o debate climático. Fortaleceu a consciência de que não há cuidado com a vida sem cuidado com a Casa Comum — e que justiça climática também é justiça para os mais vulneráveis.
A COP 30, que ocorrerá em novembro de 2025 em Belém (PA), será um marco nas negociações globais sobre o futuro do planeta. O protagonismo da Igreja e das organizações sociais será fundamental para garantir que os compromissos assumidos estejam à altura da urgência que o tempo exige.
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Por: Magnus Regis